Se essas paredes falassem
Se contassem cada vez
Que me vi de joelhos
Na escuridão
Com medo de levantar
E fitar na penumbra
Meus olhos no espelho
Dizendo que não.
Não pode ser verdade
Mas é tanta maldade
Jogar à fogueira o meu coração
Por sentir não ter forças
Pra calar essas bocas
E afastar os dedos de minha direção
Asas, fracas
Não me deixam voar
E eu não me lembro de pedir
Pra você ficar
E arrancar carne de meu peito com
Tanto ódio
E gritar, pra eu me excluir
De teu mundo
Já não sei mais
Há quando tempo não
Vejo o sol com meus próprios olhos
Já não sei mais
Se é por medo ou se
Esqueci como olhar pra fora
Portas, frias, me deixam sem ar
E ninguém me ouvir bater
Pra vir me ajudar
E eu não quero mais viver
Com medo ou vergonha
De respirar, de existir
Ou beijar teus lábios
Se estas paredes falassem
Se contassem cada vez que sonhei viver
Em outro lugar
Onde Marte ama Marte, e Vênus pode passear
De mãos dadas com Vênus
Sem se preocupar
Com o vento covarde
Que me deixa ate tarde
Com medo e sem saber se você
Vai voltar
Voltar
Será que estou errado
Por querer estar ao teu lado
Em jardins onde as flores não envenenam o ar?
O ar
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