Minha mãe no tanque lavando roupa
Minha mãe na cozinha lavando louça
Lavando louça,
Lavando roupa,
Levando a luta, cantando um fado
Alegrando a labuta
Labutar é preciso menino
Lutar é preciso menino
Lutar é preciso
A bola correndo nas pedras redondas da rua São Carlos
Deságua no asfaltodo largo do estácio
E o menino atrás, ói lá
Meu menino atrás e vai
Mais um menino atrás
Ô Dina é preciso
Olhar essa vida,
Além desse filme do cine colombo,
Saber dessa lama na festa do mangue
Conhecer a fama que cantam da dama,
Pois ela com jeito e carinho me chama
Me leva à luta sem choro nem grama
Né mãe?
Labutar é preciso
Ô mãe,
Lutar é preciso
O estribo dos bondes que cruzam no largo
Trilhando avenidas, ruelas e becos
Me deixam na lapa ou na galeria
Ou no Café Talia e é lá que eu encontro
Papinho no ponto e volto pra casa
Com ele cansado, com pouco trocado
Violão calado
Violão calado
Violão cansado, calado, cansado
Ê mãe,
Labutar é preciso
Né mãe?
Lutar é preciso
Ô mãe,
Lutar é preciso
Mas mãe não se zangue que as mãos eu não sujo,
Apenas eu quis conhecer a cidade,
Saber da alegria e da felicidade
Que vendem barato em qualquer quitanda,
Mas volto arrasado tá tudo fechado,
Talvez haja falta não há no mercado
E hoje ô Dina nem é feriado
E hoje ê Dina não é feriado
Vê mãe labutar é preciso
Lutar é preciso
Ô mãe lutar é preciso
Labutar é preciso
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