37-20-[27-15]-[28-17]-
[27-15]-[23-12]-[25-13]-
[30-20-12]-[34-23][22-10]-
[50-42-32]
O automóvel corre a lembrança morre
O suor escorre e molha a calçada
A verdade na rua a verdade no povo
A mulher toda nua mas nada de novo
A revolta latente que ninguém vê
E nem sabe se sente pois é pre que
O imposto a conta o bazar barato
O relógio aponta o momento exato
Da morte incerta a gravata enforca
O sapato aperta o país exporta
E na minha porta ninguém quer ver
Uma sombra morta pois é pra que
Que rapaz é esse que estranho canto
Seu rosto é santo seu canto é tudo
Saiu do nada da dor fingida
Desceu a estrada subiu na vida
A menina aflita ele não quer ver
A guitarra excita pois é pra que
A fome a doença o esporte a gincana
A praia compensa o trabalho a semana
O chopp o cinema o amor que atenua
Um tiro no peito o sangue na rua
A fome a doença não sei mais porque
Que noite que lua meu bem pra que
O patrão sustenta o café o almoço
O jornal comenta o rapaz tão moço
O calor aumenta a família cresce
O cientista inventa uma flor que parece
A razão mais segura pra ninguém saber
De outra flor que tortura
No fim do mundo tem um tesouro
Quem foi primeiro carrega o ouro
A vida passa no meu cigarro
Quem tem mais pressa que arranje um carro
Pra andar ligeiro sem ter porque
Sem ter pra onde pois é pra que
Pois é pra que pois é