A moça diante do espelho pôs laço vermelho em sua calcinha
O velho mostrando cansaço, deixava espaço pro novo que vinha
O pai que brincava com o filho teve a paciencia que ha muito não tinha
A mulher debaixo da ponte banhou-se na fonte, sentiu-se rainha
O guarda guardou a espingarda, livrou-se da farda, ficou à paisana
O larapio não roubou no troco da agua de côco e do caldo de cana
Madame desceu do tamanco, tambem vestiu branco e foi pra caravana
Tão cheia de seu desengano esperar mais um ano em copacabana
Saiam de de tantos lugares, das casas, dos bares e dos edificios
Dezenas, centenas, milhares, dos morros dos mares, cadeias e hospicios
Novenas seguindo sem pressa, fazendo promessa pra vencer os vicios
Deixando pros deuses manjares, usando cocares como sacrificio.
E vinham de todos os lados, banidos, suados, ciganos, megeras
Um povo inteiro em polvorosa, cheiro de pòlvora na atmosfera
Cortejos de corpos surrados, desejos bordados, planos e quimeras
Eu sempre me vi diferente, vendo aquela gente è que vi que não era
Relogios piscaram mais lentos aos olhos atentos do cristo redentor
Cascatas de luz, cataventos de cores, rebentos de paz e calor
Por um segundo não houve no mundo nem crime nem guerra nem dor
E os anjos brindando em meu rosto, uma làgrima fria com gosto de amor
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