dobra uma esquina
dobra outra esquina
mais uma esquina
e ainda uma outra mais
e tu voltou pro mesmo lugar
sem gasolina
ainda há a buzina
que te azucrina
pressiona internamente
a tua cabeça que quer gritar
o olho pisca, querendo saltar
o lábio sobe, querendo rosnar
a veia salta, não vai aguentar...
( )
Vitta,
eu tô cansado do pra lá e pra cá
eu quero brisa leve
se a vida é faísca
que brilhe devagar
Lucas,
se o engraçado às vezes faz doer
eu quero rir com cãibra
até abrir ferida
eu tô por me perder
Tu te ilumina
tomando um uísque com guaraná
Cadê a tua mina?
Tá com a comanda
( )
Ah, fala demais
fuma demais
bebe demais
Ah, calcula demais
planeja demais
e nada demais
Vou ao comício
faço exercícios
mas nem um indício
de como eu vou fazer pra ela perceber
que se eu pedalo, ela é a corrente
e perceber que
se eu calo é porque
não sei mais
Se todo vício deixa resquícios
com que artifícios é que eu vou conseguir fazer ela perceber
que, se a medalha é minha, é dela
e perceber
que se eu corro abertamente eu vou mais?
(
)
Ian,
tô junto nessa de querer cantar
um verso com coragem
que sirva de bandagem
pro que se quer curar
Cairá um meio tom sem aviso
a conta é tua e o risco
é o próprio riso a cantar
Eu dobro a esquina
o calor no asfalto marola o ar
Procuro a sombra
eu vou de boa
(só o bordão em E, C e B)
E o mundo vai ficando grave
com todo estorvo, precipício
muro em cima, todo entrave
Ah, grave
com todo o estorvo, precipício
muro em cima, todo entrave
grave
estorvo
entrave