Minha cantiga tem cheiro de pasto e chão
E, no garrão, trago a pá da' minhas espora'
Chapéu quebrado na testa, pronto pra um grito de guerra
E, pra cantar a minha terra, não tem dia e não tem hora
Meu verso, ninguém explora que eu empaco e me boleio
E meu canto é que nem rio cheio, cresce e bufa campo a fora
Sou um palanque de puro cerne cravado
Mal falquejado e não apodreço no chão
Cantando, agradeço a Deus pelo dom da natureza
E essa voz sai, com certeza, na garganta desse peão
Sou faísca de um tição de algum fogo galponeiro
E nesse compasso campeiro, eu não vou frouxar o garrão
Sou índio taura que respeita o' meus amigo'
Vejo perigo e saio rolando na poeira
Pode ser um tipo a toa que eu respeito e não debocho
Se me apertar, eu não frouxo nem no plaino ou na ladeira
Sou da terra missioneira, abram cancha pro Baitaca
E ainda não foi feita a faca pra falquejar essa tronqueira
De ser xucro e aporreado
Isso são defeitos meus
Quem não gostar do meu jeito
Que vá se acertar com Deus
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