Aprendi tocar viola e não tive professor
Fiz esse pagode novo só pra mostrar o meu valor
E dizer algumas coisas que um dia alguém me contou
É um ditado muito certo, já dizia meu avô
Na boca de quem não presta o que é bom não tem valor
Sou uma cabocla do mato, canto com os passarinhos
Com Deus e a viola no braço eu nunca estou sozinha
No jardim que eu cultivo, roseira não dá espinho
Pra uma ave abandonada oito garrancho é um ninho
Pra quem já está perdido, qualquer vereda é caminho
Água bate em pedra dura, que fura e não amolece
A lavoura que eu planto, mesmo que não chove cresce
Sei que quem bate não lembra, quem apanha não esquece
Desprezo de um falso amor, meu coração não padece
Terreiro que o galo canta, a galinhada obedece
Na entrada do portão, tapete vira capacho
Na cordilheira dos andes, bananeira não dá em cacho
No ponteio da viola meus dedos correm no aço
No batidão do pagode, tudo o que eu procuro eu acho
Dou a viola de presente pra quem fizer o que eu faço
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