caindo, cai
descalço, vai
na beira da calçada
olhando, vê
assiste a quê
anda atrás de nada
catando lixo,
correndo o risco,
fazendo arruaça
chutando lata,
xingando placa,
fazendo ameaça
passa, passa
cambaleando na praça,
cabeceando vidraça,
descarregando essa desgraça
passando carro que passa,
cuspindo sarro e cachaça,
desarrasou-a na fumaça
sacode o trapo da roupa,
sacode saco de estopa,
se esconde atrás de uma fachada
suspenso no meio fio,
pergunta onde é o brasil,
procura e não encontra nada
nada, nada
praça da sé
cabeça em pé
de olhar pra lua
na são joão,
vai vendo o chão,
derrubar a rua
tomando chuva,
tomando sol,
tomando uma porrada
não tem lugar,
qualquer lugar,
é a sua casa
puxa a carroça a cavalo,
fuçando o resto no ralo,
desengonçando essa carcaça
quem vê não quer nem saber,
quem sabe não quer nem ver,
quem chega perto perde a graça
sai do terreno baldio,
perambulando vadio,
em meio a próxima parada
treme de medo ou de frio,
pergunta onde é o brasil,
procura e não encontra nada
nada, nada
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