Tô na lona sem trocado,
tô mais duro que cimento armado.
E o meu salário é porcaria,
não dá nem pra um pirulito por dia.
A minha cama é a rua
e o meu abajour é a lua.
Devo ao padeiro a metade
do que devo ao eletricista.
E o triplo desta soma
o açougueiro já tem, na minha lista.
E o imposto de renda,
só aceita pagamento à vista.
Trinta e dois filhos, já tenho
e prole grande assim ninguém tem.
Desconfio que nesta grande obra
tá me ajudando alguém.
Estive um ano de cana
e o trigésimo terceiro já vem.
Tenho uma boa saúde
não contando umas bobagenzinhas.
Como asma, erisipelas e
um desviozinho na espinha.
Não como carne há um mês,
de vitaminas tenho escassez
(solo)
Pois é meu companheiro
Sem saúde e sem ter dinheiro
Com mais filhos
Que os fios do bigode de D. Pedro I
Ainda canto meus problemas
Não há duvida, eu sou brasileiro