[Intro]
Eu não sei mais como eu chego em casa, Tião
Eu não sei mais como eu tiro a minha roupa pra mim
Sistematizei busca por chão, enumerei tarefas
Fiz uma tese e, já disse, não achei lar, desde então
No caminho de esmero do primeiro lugar eu andei
Pela beleza dos sem lugar também me encantei
A amargura dos fracos, a postura dos fortes
Os tapas, os amassos
Me joguei da janela
Pra ver que já era
Virgem!, que carma que eu tenho
Que o lindo desenho de outrora sumiu?
Valha-me, deus, eu, ateu
Já fiz prece e o sol do meio dia insistiu
Fiz, pois, mil poemas
E mil esquemas
Fui rei das so - fi - as, dos joões
Me vendi por pouco
Também fui santo
Tudo em que esti - ve pa - re - ceu nada
Vi nada
Fui menos
Eu nunca gostei de futebol, meu irmão
Nem das moças de sainhas, virgens e afins
Preparei-me pra minha guerra
De mim contra mim mesmo
Pra ver se eu ganhava
Era muito o peso de viver
Eu não achei na foda força pra me erguer
Nem mesmo em beijos ternos
Tudo tão enfadonho pra mim
E, lembra, é quase que eu largo
É quase agora que eu passo
Eu quase me dou um trato
Mas olhei da janela e vi que
De vera
É quase agora que eu canto
É quase agora que eu ganho
É quase agora que acordo
Eu só preciso de um banho
Me diz, Tião, é assim que se anda por ela?