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Pegaram Adão Formiga
"Inda"com a faca na mão
O vermelho da sangria
Escorrendo pelo chão.
Na bombacha remendada
limpava a faca de um lado
como querendo esconder
O Intento de ser culpado ...
Quem diria Adão Formiga
vizinho de uns trinta anos
carneando um capão alheio...
Talvez fosse por engano
mas a marca no pelego
De tinta mostrava o dono
E a noite apontava a pressa
Pra um galho de cinamomo
Toda semana a estancia
Vai pra consumo o capão
Escolhido por bem gordo
Nos mandados do patrão
Pois quem produz sabe bem
Quanto lhe custa o serviço
De cuida de produção
Pra alguém depois da sumiço
"Por que não pediu uma changa
pois trabalhar não é feio
Escolheu por conta justa
apossar-se do alheio.
Quem sabe nas precisão
pedisse uns "pila" emprestado
mas esperou mais a noite
pra cruzar pelo alambrado"
Um sorro a sombra da noite
uma faca de bom corte
um carancho num cordeiro
Inverno de geada forte
cada qual no seu destino
No ciclo anormal do homem
Uns matam só por famintos
Uns pra matarem a fome
E agora Adão Formiga
Tem fama na rendondeza
Todos sabem de onde é a carne
que as vezes bota na mesa
pois quem carneia um capão
prá mata a fome do filho
mata quatro, cinco ou seis
Depois não sai desse trilho