Sei como se trança um laço
E sei temperar o aço pra uma faca de respeito
Sei como se faz um mate
E também dar o arremate num nó de lenço bem feito
Sei a linguagem da Lua
E cada mensagem sua, lendo o livro do luar
Só não sei prever as manhas
Do par de estrelas castanhas que trazes no teu olhar
Sei onde meto o cavalo
E quando arrisco um pealo tenho confiança no braço
Sei de nuvens e de ventos
E sei o melhor momento pra cada coisa que eu faço
Sei a lida da campanha
E quando um potro se assanha, eu sei como lhe amansar
Só não sei domar as manhas
Do par de estrelas castanhas que trazes no teu olhar
Sei bem mais do que ninguém
As baldas que a tropa tem e também os seus caprichos
Sei do boi pelo mugido
Pois afinei meus sentidos ouvindo o berro dos bichos
Sei de reza e cruz de sal
Pra se amansar temporal e a tempestade passar
Só não sei benzer as manhas
Do par de estrelas castanhas que trazes no teu olhar
Sei de cor o meu caminho
E aprendi a andar sozinho como quem sabe o que faz
Sei enganar a saudade
Pra nunca sentir vontade, nem ganas de olhar pra trás
Sei escapar de emboscadas
E nem mesmo alma penada consegue me amedrontar
Só não sei fugir das manhas
Do par de estrelas castanhas que trazes no teu olhar
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