Intro:      
Jorge Sofrido foi peão
                       
Da estância da paz perdida
                  
Filho do Nego Machado
                 
Neto da escrava Bonita
Nasceu preto feito a noite
                    
Sem lua no céu de abril
Mesma noite mesma hora
                    
Que sua maezinha partiu
Criado guaxo com a peonada
                     
Entre a eguada caborteira
E pealando a terneirada
                      
Junto a goela da porteira
Jorge Sofrido foi peão
                       
Da estância da paz perdida
                  
Filho do Nego Machado
                   
Neto da escrava Bonita
(           )
Tinha algo de tapera em sua voz
Que quase nunca se ouvia
 - Sofrido, faça isso!- Sim senhor!
 - Sofrido, faça aquilo! - Sim, senhor!
E lá se ia o pobre peão
Filho do Nego Machado 
Que se mato enforcado
Na quinxa do galpão
Nos olhos da Chica Mulata
                    
Achou sentido pra vida
Ergueu um rancho no posto
                   
No fundo da Paz perdida
   
Um dia Jorge casou
                  
No outro Chica adoeceu
No terceiro perdeu a fé
                 
No quarto dia, morreu
Filho das dores do mundo
                   
Sorfrido das alpargatas
                 
Manco da égua tordia
                  
Viúvo da Chica Mulata
(           )
Sofrido, pobre destino
                       
Que tanto cruzou na estrada
Ficou arrastando alpargata
                 
E rengo de uma rodada
    
Nunca mais calçou esporas
                        
Ficou velho junto a estância
Fazendo bóia pra cuscada
                   
E remoendo suas ânsias
Filho das dores do mundo
                    
Sorfrido das alpargatas
                
Manco da égua tordia
                 
Viúvo da Chica Mulata
Jorge Sofrido foi peão.